quinta-feira, 8 de abril de 2010

O Mestre



Gay Talese e o Jornalismo Literário

No centro do roda-viva da TV Cultura o jornalista e escritor americano Gay Talese. Um dos três grandes escritores da festejada trindade de grandes jornalistas da atualidade que também fazem literatura: Talese,
Wolfe, Capote. O autor de “ sangue frio” morreu precocemente em 1984 e recebeu uma bela biografia transformada em filme escrita por Gerald Clarke. Em 1960 Talese escreve “Fama e Anonimato” com algumas de suas entrevistas mais celebres: Entrevistas com o jogador de beisebol Di Maggio, com o mafioso Frank Costello e o ator Peter O´Toole. Outras entrevistas célebres do Talese foram com a jogadora de futebol chinesa que perdeu o pênalti e a partida para os EUA, e a entrevista sem conversa com o cantor e ator Frank Sinatra, “Sinatra está resfriado”, de 1966. Para o jornalista que não conhece outros jornais no mundo. O NYT continua sendo o melhor jornal do mundo. Jornal mantido por uma família há cinco gerações e que teve no judeu alemão Adolph Ochs (1858- 1935) um pioneiro e responsável por seu apogeu. Dento do jornalismo dito literário não podemos esquecer o grande escritor Norman Mailer, e do pioneiro John Hersey que em 1946 com Hirosshima, teve a ousadia de mostrar os estragos
provocados pela bomba atômica lançada sobre o Japão pelos EUA.

Algumas lições do jornalista aplicadas a qualquer área:

- a verdade é um grande negócio
- o furo não é o mais importante
- as fotos podem mentir
- a acuidade e precisão deve ser a meta do jornalismo

Esqueça o notebook e o google se quiser fazer um jornalismo criativo. Vá para a rua, entreviste pessoalmente, investigue, suje as mãos, etc. E eu acrescentaria: quantas mentiras não podem sugerir o google. Quantas farsas. Quantos direcionamentos, etc. E saber que muitos só copiam, é
deprimente!

Muitas vezes o entrevistado pode dizer muito mais do que sugere a pergunta. A pergunta não pode ser direcionada para uma resposta que se quer obter.

A diferença não pode ser tratada com desprezo. Foi deprimente o modo como o presidente do IRAN foi recebido na universidade da Colúmbia - EUA. Um centro acadêmico e universitário não pode tomar partido e ridicularizar o que não é espelho, e está há alguns parsecs do umbigo que se quer o centro
do mundo.

Gostei de ouvir o Gay num inglês claro e fluente. Uma inteligência viva em mais de 70 anos. Um exemplo, e mais uma prova do que tudo pode se transformar num bom livro, quando não se tem pressa, longe do google e bem perto da vida que mente, falseia e sempre quer dizer muito mais do que
escrevo e respondo.

João da Mata Costa

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